É febre? Uma discussão sobre temperatura

Ana Karla Claudino Duarte

Graziela Ribeiro Lopes

Imagine que estamos doentes e uma pessoa próxima quer verificar se estamos com febre. Frequentemente elas fazem isso usando suas mãos. Se estivermos quentes elas concluem que estamos com febre. Mas, usar as mãos para saber se estamos com febre é confiável?

Nossas mãos captam estímulos térmicos do ambiente ao nosso redor que o nosso cérebro interpreta como sensações térmicas de quente e frio. Essas sensações não são exatas. Por exemplo, quando duas pessoas que vieram de ambientes diferentes se encontram e se cumprimentam com um aperto de mãos, enquanto uma pode achar que as mãos do seu colega estão frias a outra pode achar que as mãos do seu colega estão quentes, isso acontece porque elas vieram de lugares diferentes e provavelmente a temperatura do ambiente em que estavam eram diferentes uma da outra, assim como suas próprias temperaturas podem ser diferentes. As sensações térmicas podem variar de pessoa para pessoa, logo, como saber qual pessoa está mais quente?

Primeiro, vamos entender o que é  temperatura. A temperatura é uma das sete grandezas fundamentais e está presente no Sistema Internacional (SI) de medidas. A temperatura serve para quantificar o grau de aquecimento ou esfriamento da matéria em alguma escala, frequentemente Celsius (°C) ou Kelvin (K). Estamos habituados à escala Celsius mas, no SI, a temperatura é medida na escala Kelvin. A temperatura é uma característica da matéria que pode ser medida e é por meio dela que podemos definir se um corpo está “quente” ou “frio”. Isso é feito levando em consideração uma referência e fazendo uso de um instrumento. 

O instrumento que utilizamos para medir a temperatura é chamado de termômetro. Termômetros são utilizados em várias situações mas principalmente nas indústrias, nos hospitais, na pesquisa científica e no uso doméstico. Os termômetros mais comuns e de fácil acesso são os analógicos de mercúrio ou de álcool, como o da figura:

Termômetro analógico (fonte wikimedia commons)

Em um termômetro analógico há um tubo com um líquido disposto no interior, a volume constante. O volume desse líquido é sujeito a variações podendo se contrair ou expandir. Essas variações ocorrem por influência de condições como a pressão e a temperatura. As variações então, podem ser visualizadas através de uma escala graduada do termômetro.

Por que essas variações ocorrem no líquido no interior do termômetro? Ao entrar em contato com outro corpo, o material presente no interior do termômetro dilata, indicando assim as variações nas temperaturas, ou seja, funcionando como uma espécie de registro da temperatura do outro corpo. O registro da temperatura do corpo ocorre porque que o termômetro e o corpo entram no que chamamos de equilíbrio térmico. No equilíbrio térmico as temperaturas de ambos se igualam e nesse momento a dilatação do material que está presente no interior do termômetro se estabiliza.

O uso de termômetros no cotidiano é frequentemente observado e seu funcionamento é muito prático, podendo fazer leituras das medidas de temperaturas de pessoas, objetos e ambientes de pequenas ou grandes proporções, o que também determina qual será o tipo de termômetro utilizado. Existem vários tipos de termômetros para usos em casos diversos, como o termômetro clínico de uso hospitalar e doméstico, termômetro meteorológico usado para conhecer a temperatura ambiente, termômetro de radiação usado em satélites para captar radiações de objetos a grandes distâncias e o termômetro infravermelho de aplicação para leitura de temperatura de corpos muito quentes. Estes últimos são constituídos por um sistema óptico e um sistema de captação de radiação infravermelha conhecido também por pirômetro óptico.

O cérebro humano possui mecanismos que mantêm a temperatura do corpo humano em torno de 36°C, que é a temperatura ideal de funcionamento dos órgãos. Essa é uma das referências. Considera-se, como outra referência, que uma pessoa está com febre quando a sua tempertura corporal estiver acima de 37,8°C. Como dissemos anteriormente, uso dos sentidos táteis para expressar se uma pessoa ou objeto está a uma determinada temperatura não é confiável uma vez que isso depende de uma percepção pessoal, que pode ser alterada por fatores sem controle. O uso de instrumentos de medida de temperatura, como um termômetro de mercúrio é a única maneira confiável de se estabelecer com grande precisão se, de fato, uma pessoa está ou não com febre.